sábado, 26 de abril de 2014

Sweet Tooth - Do fim da inocência


Sweet Tooth, ou dente doce em uma tradução muito tosca, é uma Hq da vertigo, e tem como autores Jeff Lemire(roteiro e arte) e José Villarrubia (cores). Confesso que tomei conhecimento dela, por um canal do youtube que acompanho(e recomendo extremamente), sendo que, de início, não levei muito a sério a publicação. O nome infantil e a capa do primeiro número(a capa, que tem um trecho acima, mostra o personagem principal comendo um chocolate), me fizeram erroneamente crer que o título teria um enredo banal, bobo. No entanto, não podia estar mais errado. O enredo da trama não só é apenas bem desenvolvido, mas a história é de uma dramaticidade que comoveria até as pedras...

Mas indo ao que realmente interessa, digo, ao enredo, a trama se passa dez anos após o início do "flagelo", uma epidemia que contaminou todos os seres humanos e que levará todos irreversivelmente a uma morte lenta e dolorosa. As únicas pessoas que estão livres do flagelo são as crianças que nasceram depois dele, no entanto, tais crianças não têm um aspecto completamente humano, possuindo sempre diferentes traços de animais. O próprio personagem principal, Gus, possui chifres de cervo. E é por causa dessa particularidade, que tais crianças, em um mundo a beira da morte, são implacavelmente perseguidas e tidas como sinônimo de mau agouro por uns, símbolos dos fins dos tempos por outros e até como cobaias e ratos de laboratório para alguns mais insensíveis.

Confesso que histórias onde crianças padecem de qualquer tipo de sofrimento ou dor, me deixam normalmente pouco a vontade. Embora pessoalmente eu não ature muito crianças, creio que os pequenos catarrentos devem ser protegidos de toda a dor e peso do mundo, até que suas costas sejam fortes o suficiente para segurá-los. No entanto, não é dado tal tempo a nenhuma das crianças dessa revista. O personagem principal, já de início encara a própria morte do pai e a destruição do mundo que sempre conheceu e amou.

E logo depois disso, como se já não fosse suficiente, ele é apresentado a Jepperd, ou Big Man, que aparece de um modo absolutamente violento e chocante. No fundo, ele é um símbolo do mundo que morre, mas ainda que ruge e morde mesmo em agonia. Ele é a porta que leva ao inferno do personagem.
 De resto, posso dizer que adorei o traço usado usado pelo desenhista. Sua simplicidade e seu caráter aparentemente infantil, contrastam muito com o mundo sombrio que é apresentado pelo enredo. Recomendo essa revista a todos os que quiserem ler algo de qualidade, embora faça uma ressalva quanto à necessidade de estômago forte.






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