Ao contrário do que está no título, The 100 não é um filme, mas um seriado de tv, produzido em 2014 pela The CW. No entanto, para a discussão que pretendo ter nessa sessão do blog, esse pequeno detalhe não atrapalhará em nada. Mais do que isso, a sessão "QUE FILME DE MERDA", esmerdará(eu sei que a palavra não existe, isso é um neologismo seu idiota) qualquer obra artística que eu achar conveniente, seja filme, livro, música ou escultura de massinha de modelar. A propósito, assim como no ultimo texto dessa sessão, recordo a todos que me importo tanto com a opinião alheia, quanto me importo com a saúde da filha mais jovem do atual imperador do Japão, ou seja, para aqueles que discordarem de minhas ideias aqui propostas, só posso, com grande pesar, fazer a seguinte recomendação: fuck you! Terminado esse necessário intróito, passemos à série:
O enrendo, em poucas linhas, nós leva a um futuro não muito distante, 97 anos depois de uma terceira guerra mundial(pela tecnologia, presumo que não muito distante de nós) para ser mais exato, onde devido a um ataque nuclear de larga escala, toda a raça humana presente na terra foi presumidamente extinta, restando vivos, apenas, os astronautas presentes nas inúmeras estações espaciais que orbitavam a terra naquele momento. Dada a necessidade, todos eles juntaram esforços e criaram, a partir de suas estações espaciais e da estação espacial internacional, uma outra grande estação, chamada de Ark, onde, no momento da série, vive tudo o que restou presumidamente da humanidade. Por obvio, dada sua escassez de recursos e espaço, eles criaram um sistema social onde qualquer delito, por menor que fosse, era punido com a morte(um sistema social de merda), sendo que essa pena seria igualmente válida para adultos, jovens e crianças(sistema social de merda, merda, merda).
Nessa perspectiva, os personagens principais da série, um grupo de jovens infratores bastante variado, esperavam seu inexorável destino, até que lhes foi oferecida a opção, dado seu caráter descartável(eles usam essa palavra na série, de, em vez de serem ejetados pela escotilha, escolher poder ir em uma missão para a terra, onde provavelmente morreria de envenenamento por radiação. Claro que todos os 100 jovens aos quais foi dada essa opção, escolheram a morte duvidosa ao contrário da morte certa, sendo mandados, então para a terra.
Confesso que quando tive acesso à sinopse e aos primeiros trailers da série, fiquei sinceramente entusiasmado, já que a ideia me pareceu muito boa para uma ficção survive sci-fi. No entanto, com o passar da série, passei a ficar cada vez menos entusiasmado, na verdade, suas incongruências e anacronismo me deixaram profundamente deprimido.
Claro que não estou questionando o plot do enredo, digo, não estou criticando a futurística e improvável guerra que trouxe o holocausto nuclear, o fato dos sobreviventes da estação terem sido capazes de viver quase um século sem nenhum suprimento na terra(o que é impossível na minha opinião), ou sequer o fato de terem mandado crianças em uma missão que deveria ser vital para a existência da própria sociedade em que viviam. Esses pontos, na verdade, fazem parte do que chamamos na ficção científica ou na fantasia, de postulado de veracidade, já que é sempre necessário que você aceite certas premissas que fazem parte do cenário, ou melhor, que você aceite certas regras absurdas mas que regem, de forma lógica, a realidade construída. Entretanto, essa aceitação é apenas inicial. Não se pode construir uma história de ficção científica ou fantasia que não tenha uma lógica interna, como a série.
Um dessas irritantes faltas de proporção que ficam logo evidentes na série, é a ausência quase total de resquícios de radiação no ambiente. Digo, fora um cervo com uma segunda cabeça, que aparece logo no episódio inicial, não vemos mais praticamente nenhum sinal de radiação no ambiente. Ao contrário, vemos uma fauna e flora absolutamente exuberante, algo muito estranho, dado que a série teria se passado apenas à, aproximadamente, 100 anos do fatídico holocausto nuclear. Mesmo com meus parcos conhecimentos em química e biologia, eu creio que uma massiva exposição à radiação demoraria séculos, senão milênios, para abandonar naturalmente, ao menos para níveis aceitáveis, um ambiente. Sendo que em um ambiente assim, qualquer forma de vida, qualquer forma mineral, estaria irremediavelmente contaminada. Você não poderia caçar ou sequer beber a água de um ambiente assim, sem a devida descontaminação, o que não ocorre na série.
Outro ponto que achei um bocado sem sentido, foi a tentativa de inserir na série, animais e plantas que não existiam no mundo pré-guerra, ou seja, nosso mundo. Digo, embora a exposição a radiação ajude na ocorrência de mutações genéticas(normalmente elas apenas matam ou debilitam seus portadores), o processo evolutivo demora séculos, senão milênios para poder especificar um ser, a ponto de torná-lo indistinguível, ou dar a ele características antagonicamente distintas das de seu ancestral originário. Dessa forma, é extremamente improvável que em um período de apenas um século, vermos animais como uma pantera com escamas, um "monstro aquático" ou até mesmo uma borboleta fluorescente.
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Momento em que você diz: isso vai dar merda! |
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Quando você descobre que estava certo! |
Mas o que realmente me incomodou na série, foi o fato de haver uma presunção constante de estupidez e descontrole para todos os 100 jovens que chegaram à terra. Não que eu diga que os adolescentes sejam criaturas por essência racionais, sequer constantemente inteligentes(eu já fui, afinal de contas), mas esperar que a cada problema, eles tomem a pior e mais burra decisão possível, é, certamente, rebaixá-los demais. Na verdade, pior, o próprio pessoal da estação, se comporta, boa parte do tempo, de forma completamente anacrônica, comportando-se ora de forma ordeira e abnegada, ora como se tudo estivesse pronto a explodir em um motim.
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Isso vai dar merda...SQN |
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E assim começa uma linda amizade! SQN |
Claro que a série tem também seus aspectos positivos. Um dos que mais aprecio, é a relação que os famigerados 100 possuem com os underground, digo, a população que, contra todas as expectativas, sobrevivem à guerra e passou os últimos cem anos, vivendo normalmente(ou quase) na terra. Nesse ponto, creio que eu daria aos roteiristas da série um pequeno sorriso de apreciação, já que ambas às comunidades se comportam de modo completamente hostil e, portanto, verossímil. No entanto, mesmo quanto a eles tenho um certo descontentamento, já que, embora esteja sobrevivendo em um mundo radioativo à décadas, todos parecem muito saudáveis e fortes, sem tumores ou qualquer sinal que de envenenamento radioativo. Na verdade, tanto os undergrounds quanto os 100, estão limpos e bem vestidos o tempo inteiro, fato que é, infelizmente, muito comum ao gênero, mas que não faz o menor sentido em um mundo sem cosméticos ou água encanada.
Concluindo, a série possui uma ideia interessante, mas peca muito na sua execução. Seus já relatados anacronismos e absurdos me fizeram, sinceramente, decepcionar-me bastante, a ponto de ter desistido de sequer tentar terminar a temporada. Assisti-la é, infelizmente, um desperdício de valioso tempo que poderia ser usado para seriados melhores, como Breaking Bad, Orage is The New Black, e Boardwalk Empire.
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