sexta-feira, 23 de junho de 2017

DICA LITERÁRIA/CINEMATOGRÁFICA: ENDER'S GAME(O JOGO DO EXTERMINADOR) - Video Games, Genocídio e Falhas de Comunição

"No momento em que eu realmente entender meu inimigo, entendê-lo bem suficiente para derrotá-lo, então, neste momento, eu também o amo."
O Jogo do Exterminador

It's all about the game and how you  play it
It's all about control and if you can take it
It's all about your debt and if you can pay it
It's all about the pain and who's gonna make it

War. War Never Changes.

Ender's Game, ou no Brasil, O Jogo do Exterminador, é o primeiro livro de uma das mais aclamadas tetralogias de toda a ficção científica contemporânea. A obra, que se passa em um distante futuro onde a humanidade se defronta com uma nova forma de vida inteligente, discute temas controversos como o abuso infantil, genocídio, a influência política das redes sociais, lavagem cerebral e a racionalização do mal. Eu ainda poderia falar que o livro é uma leitura recomendada por várias organizações militares do mundo, como os United States Marine Corps(os fuzileiros), e que além do prêmio Nebula, o livro ainda ganhou o prêmio Victor Hugo graças a sua excelência. Entretanto, mais do que falar dos méritos do livro, preciso antes fazer uma escusa ao mesmo, digo, me desculpar pelo maior e mais visível obstáculo da obra à aceitação pública, o seu autor. Sim meus amigos leitores imaginários, o autor desse maravilhoso livro, Orson Scott Card, é uma pessoa... controversa


Tá... chamar apenas de controverso alguém que abertamente faz declarações públicas homofóbicas em pleno século XXI, é o mesmo que dizer que o cogumelo atômico de Hiroshima foi uma estalinho  de São João. No entanto, a despeito das declarações do autor condizem muito pouco com a realidade de sua obra, que em sua totalidade traz uma mensagem de tolerância e aceitação quanto ao diferente. Mas como de costume, coloco a carroça na frente dos burros(Sim, sou velho o suficiente para conhecer esse tipo de ditado), me esquecendo de falar do mais importante, do livro em si. Como dizia Jack, o estripador, vamos por partes!!! O enredo da obra se passa no ano de 2136, 50 anos depois de uma invasão alienígena quase ter dizimado a raça humana. Temendo um novo ataque, a humanidade cria uma poderosa força de defesa mundial. Agora, mais do que recrutar massas infindáveis de adultos maduros para combater, as crianças mais dotadas são retiradas das suas famílias e treinadas para se tornar máquinas de guerra perfeitas. No entanto, um problema remanesce, ninguém é capaz de entender as táticas ou mesmo as intenções dos alienígenas, na verdade, sequer sabe-se como os mesmos foram derrotados, sendo que nesse ponto encontramos nosso protagonista/solução, o jovem Ender.


Não posso revelar muito mais do enredo, porque isso poderia trazer spoilers tanto sobre o livro quanto sobre a adaptação cinematográfica do mesmo(que também ficou muito boa). Não posso, entretanto, deixar de elogiar o fato que mesmo publicado em 1977, a obra conseguiu desenvolver muitos conceitos que embora à época não fossem relevantes, hoje são parte importante da forma como nossa sociedade se estrutura, tais como a importância da mídia alternativa e dos blogs no cotidiano político, a utilização de games ou de realidade virtual para treinamento militar e mesmo manipulação psicológica em nível individual e coletivo. Não posso poupar elogios também à sequência O orador dos mortos(ainda estou tentando encontrar Ender, o Xenocída para comprar). Nela, assim como em Ender's Game, temos um dos  insights mais inovadores que já vi serem desenvolvidos em um livro de ficção.
A ideia de que a guerra, o genocídio e a violência, em outras palavras, o extermínio do outro, são essencialmente a consequências de situações onde não existe diálogo. Em outras palavras, não havendo a possibilidade de dialogo entre dois seres, ou duas civilizações, diferentes a violência e a nulificação do outro são a única e trágica resposta possível. Sim, eu sei que parece inicialmente algo tolo, mas praticamente todos os conflitos na história humana podem se explicados em alguma medida por esse conceito. Sejam aliens contra humanos, europeus contra indígenas ou mesmo pequenos conflitos urbanos, todos os conflitos, a violência pura e simples, é uma simples consequência de uma falha de comunicação.

Mas já me demoro demais num texto que deveria ser curto. Então... se recomendo a leitura de Ender's Game? Você leu o que escrevi acima infeliz caro leitor imaginário? Obviamente RECOMENDO, embora, como já disse, eu pessoalmente discorde, e ache mesmo que a própria obra discorda em sua essência, das palavras e posicionamentos tomados por  Orson Scott Card. A propósito, abaixo postei o trailer do adaptação do livro para o cinema. Confesso que gosto mais do livro... mas para os mais preguiçosos entre vocês, meus amados filhos da leitores imaginários, fica a dica.


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