quinta-feira, 11 de setembro de 2014

DICA CINEMATOGRÁFICA: Planet of the Apes The Confrontation - Somos Todos Macacos! (SQN)


Honorius: Tell us, why are all apes created equal?
George Taylor: Some apes, it seems, are more equal than others.

Planet of the Apes(1968) 

Somos todos macacos! É verdade sim, eu tenho até uma camiseta com o desenho de uma banana onde se diz isso categoricamente. Isso não é suficiente para provar? As camisetas com bananas desenhadas não mentem. Elas jamais mentiriam para mim! Fora, que a banana é um simbolo inegável de veracidade e confiabilidade! Somos todos macacos portanto. Claro, uns são mais macacos que outros. Mas é a vida... falando sério, espero que mesmo para o leitor mais desatento tenha ficado óbvio que eu estava sendo irônico a pouco(vai saber se alguém me leva a sério). Sinceramente, discordo até o âmago da minha alma desse slogan, que uma campanha publicitária propagou a não muito tempo atrás. Não que eu diga que ela esteja sendo racista(não me processem, não tenho dinheiro para pagar indenizações), mas acho que ela se enquadra apenas como mais um mecanismo de naturalização do racismo na nossa sociedade, uma mazela que macula geração a geração faz séculos. Mas imagino que meu leitor hipotético esteja coçando seu queixo e se perguntando, "o que diabos isso tem haver com o segundo filme da saga O Planeta dos Macacos?" E eu, alisando meu cavanhaque(se eu tivesse um), digo: Nada. Absolutamente nada. Sério, nadinha mesmo. Só não consegui não evitar de pensar nessa tolice enquanto assistia ao filme que, na verdade, é uma das melhores produções que vejo nos últimos anos. Bom roteiro, boa produção. Enfim, fizeram uma sequência que prestasse para essa saga! Ave Caesar por isso!
Ave Caesar e Viva la revolución primata!
"Sequência que prestasse? Mas essa é a primeira sequência da saga que começou com planeta dos macacos, a origem, em 2011. Claro, a menos que você esteja contando com aquele filme do Tim Burton em 2001, mas esse não vale." Pensa Little Padawan, ou como também o chamo, meu leitor hipotético. Prevendo esse possível comentário de meu leitor potencial(nessa situação me sinto como o náufrago gritando com a bola, digo, com o Wilson), eu começo a confiar minha barba imaginária e digo: Little Padawan, se pelos caminhos da força você deseja trilhar, deve saber que planeta dos macacos teve seu primeiro filme, originalmente, em 1968. Nesse filme, tal como no reboot do Tim Burton em 2001, a ação trata sobre um astronauta que depois de se perder no espaço cai em um planeta onde a raça humana é dominada por macacos. Depois dele, que foi um sucesso de bilheteria, os lords sith, que também chamo de "os executivos do estúdio", viram que estavam com uma fábrica de dinheiro nas mãos, criando quatro sequências de enredo duvidoso, fora séries e desenhos. Nas sequências, os macacos são seres geneticamente construídos para serem escravos dos humanos. Com o tempo, um deles, chamado César, se revolta e "vira a mesa", tornando os humanos escravos dos macacos. No entanto, essa é a versão curta da história. Porque a longa é recheada com viagens no tempo e foguetes que parecem consolos gigantes. Uma merda!


Sério. Se o nome já não tivesse sido usado nas antigas sequências, eu teria achado genial a ideia de usá-lo para o protagonista da saga.
Confesso que até tentei, não sei a razão, assistir a alguns dos filmes antigos. E acabei parando logo na metade do terceiro, pouco tempo antes de todas as minhas células cerebrais se suicidarem. Eles são muito ruins, acreditem. Tirando, obviamente, o primeiro filme, que se transformou um clássico cult. Tendo isso em vista, pode-se entender, portanto, minha alegria quando vi que o reboot do Planeta dos Macacos deu em algo bom, senão passável. Embora eu ache o primeiro filme um pouco bobo, e veja um ou outro furo no segundo, não posso negar que a narrativa que ambos constroem é extremamente coerente e razoável. Digo, eles não abusam da suspensão de descrença como muitos filmes que vemos por ai, e olhe que um filme que usa macacos inteligentes dominando, apenas com suas mãos e lanças, um mundo de homens com armamento pesado e tecnologia. Fora que, embora estejamos falando de personagens feitos em CG(computação gráfica), o filme realmente consegue fazer com que você acabe gostando de um ou outro macaco, que se apresentam extremamente carismáticos. Até porque, o enredo do filme nos lembra tanto um romance Shakesperiano, ou o Rei Leão para os menos listos, que acho que a não identificação é impossível. Na verdade, percebo que me esqueci de falar do enredo dele com mais cuidado. Bom, basicamente, ele trata sobre os desdobramentos do primeiro filme, ocorrendo 10 anos depois dos fatos que se podem ver nele. Não conto mais, para evitar spoilers involuntários. 


Por ultimo, antes da já usual indicação. Tenho ainda de esclarecer um pequeno ponto que tratei na introdução do texto. O porque acho que a ideia do slogan que o jogador Neymar criou, e posteriormente foi apropriado para a venda de camisas, é não só reprovável, mas uma espécie de naturalização do racismo. Embora biologicamente nós possamos ser enquadrados como macacos, essa discussão não faz sentido quando falamos no racismo. Não se chama alguém negro de macaco, porque esse indivíduo pertença à categoria dos símios da classe Hominidae junto com o restante da humanidade. Não. Chama-se alguém de macaco, porque se acredita que essa pessoa seja inferior. Na verdade, entendemos os macacos como seres inferiores, assim como os demais animais, sendo que ao compararmos ele com algum indivíduo estamos também dizendo que esse sujeito é um ser inferior. E antes que você comece a reclamar dizendo que não acha que os macacos e os animais sejam seres inferiores, me diga. Os seres humanos são animais? Sua mãe é uma macaca? Você é um animal? Imagino que você consiga perceber uma dificuldade em assumir algumas dessas afirmações, embora saiba que elas são lógicas. Juízos valorativos, raramente dependem da razão. Uma lástima. Quando entramos em negação e dizemos, todos somos macacos, não fazemos nada mais do que dizer que alguém que reclama, em uma situação absolutamente específica, ter sido chamado de macaco, não tinha razão alguma para se irritar, que ele estava exagerando. Afinal, racismo não existe no Brasil, não é?


Duvido que alguém ainda esteja lendo esse texto, mas, de toda forma, seguindo o cânone, faço a recomendação desse filme, que gostei sinceramente, para todos aqueles que queiram tirar algum tempo livre com algum proveito. Porque, afinal, somos todos macacos(SQN). Ave Caesar!


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