J. R. Oppenheimer
Dr. Strangerlove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, não é apenas um dos filmes de maior título já criados, como é também uma das melhores e mais inquietantes obras, ao menos na minha humilde opinião de merda, que Kubrick já filmou. O filme de 1965, é uma comédia do mais delicioso e ácido humor negro que se possa pensar, e narra, em síntese, uma situação imaginária, onde um general, em meio a um considerável ataque paranóico(ele simplesmente acredita que os russos o envenenaram com o fim de torná-lo impotente), decide, sozinho, iniciar um ataque nuclear de larga escala contra a União soviética. No entanto, o que realmente torna a situação crítica, é que embora cientes que o ataque não é nada mais do que o gesto de um louco, os soviéticos não podem evitar o apocalipse nuclear iminente, já que pouco antes, haviam construído uma máquina, the Doonsday Device, que simplesmente extinguiria toda a vida na terra, caso fosse ativada por um ataque contra a URSS.
Embora o plot de um holocausto nuclear iminente não possa parecer muito próprio a uma comédia, Kubrick consegue torná-lo absolutamente hilariante, ao mostrar políticos e generais, os senhores daquele tempo, em sua forma mais caricatural de paranóia e loucura. A morte, os destruidores de mundos, como Oppenheimer disse uma vez, são mostrados no filme como crianças em um gigantesco playground, que brigam e se metem em tolas discussões, absolutamente esquecidos, ou melhor, ensandecidos, com seu próprio poder.
Kubrick mostra nesse filme, que o gênero humano é absolutamente caótico por essência, dado a demonstrações sem sentido de emoções e pensamentos tolos, que, no entanto, podem ter severas consequências, como o fim de toda a vida na terra, conforme mostrado no filme. Na verdade, dizer gênero humano seria incorreto, porque tempos tão sui generis quanto a Guerra Fria, criaram uma forma de humanidade particular. O homem atômico, sendo que seu melhor exemplo pode ser visto no Dr. Strangelove(Petter Sellers), que dá nome ao filme. O personagem, um ex-cientista nazista(ainda bastante devotado a seus antigos ideais), paraplégico e absolutamente maluco, mal consegue se controlar nas poucas(embora memoráveis) cenas em que aparece, sendo que a todo tempo ou está explodindo em uma quase saudação nazista, ou tenta controlar sua mão direita(ela tenta matá-lo por duas vezes). No entanto, tal personagem, que representa o mais absoluto descontrole, mal podendo controlar seus próprios membros, é também um brilhante cientista atômico, sendo tido como o melhor nome na sua área. Pode-se ver nele, portanto, o melhor exemplo do homem nuclear, um ser que não tem o menor controle sobre si mesmo e seus instintos, e tem o poder de mundos em suas trêmulas mãos.
Também não posso deixar de citar a tensão que existe em todo o filme, ao redor do sexo. Parafraseando pobremente Freud, tudo tem a ver com sexo! Sendo que, no filme, realmente tudo tem haver com o assunto. O próprio fim do mundo, foi causado pela insatisfação de um sujeito quanto à própria sexualidade, como já referido anteriormente. Por todo o filme, de forma pontual, fica evidente a preocupação dos personagens quanto ao assunto, sendo que, mesmo diante do apocalipse iminente, todos os generais e políticos presentes na sala de guerra, ficaram absolutamente estasiados com a ideia de poder levar ao buker em que se esconderiam, várias mulheres para cada um deles(já que eles teriam de repovoar a terra, de toda a forma). Sendo bom lembrar, que as próprias bombas, possuem um formato fálico, sendo as mais acabadas manifestações do poder e libido masculina presentes no filme, sendo que essa, voltada primordialmente à violência, teria no cogumelo atômico, seu fim orgástico, o prazer então viria da morte da destruição.
Concluindo, recomendo esse filme para todos aqueles que quiserem assistir um filme de profunda crítica política e filosófica, mas sem perder o bom humor. Já que não se levar à sério, é um traço de genialidade...
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