quarta-feira, 5 de agosto de 2015

DICA CINEMATOGRÁFICA: Terminator 5 - É ruim, mas eu gostei!

"(...)
He was turned to steel
In the great magnetic field
When he travelled time
For the future of mankind

Nobody wants him
He just stares at the world
Planning his vengeance 
The he will soon unfurt
(...)"


Confesso que assisti ao mais recente filme da saga Exterminador do Futuro, Terminator Genisys(Terminator 5) e, ao contrário da maior parte das opiniões que podem ser vistas nas redes sociais, blogs e podcasts, gostei do filme. Sim, podem reclamar e xingar muito no twitter pela puta falta de sacanagem de minha afirmação(só os fortes entenderão). Não posso mentir, me diverti um bocado vendo este filme de merda.
Sério. Adorei!

Mas não sejamos apressados ou melhor, como diria Jack - O Estripador, vejamos isso parte por parte. De início, esse filme que se propõem a revitalizar a série Exterminador do Futuro(que desde Terminator 3 andava mal das pernas), o faz do mesmo modo que a FOX  fez em X Men: Dias de um Futuro Esquecido. Ele usa o conceito de viagens no tempo e das consequentes mudanças do contínuo temporal para apagar todos, ou ao menos parte, dos desastrados filmes anteriores(que nunca haveriam ocorrido de acordo com essa confusão). Já imagino agora que muitos de vocês estejam se perguntando "What the fuck is this?!" e, não se preocupem, explico. Viagens no tempo, como a próprio nome já deixa subentendido, se constituem na possibilidade de se deslocar livremente de uma época para outra, sendo que um dos primeiros autores a introduzir o conceito foi H.G Wells, no seu livro A Máquina do Tempo. Entretanto, embora no livro citado o protagonista tenha viajado para o futuro, a possibilidade de se deslocar no tempo livremente trás uma questão óbvia. Viajar para o passado não poderia alterá-lo? O tempo(passado/presente/futuro), pode ser alterado ou é algo sólido e imutável? Em resumo, viajar no tempo desafiaria o "destino" ou apenas o confirmaria?


Confuso ou não, adorei essa cena! hahahahaha
A propósito, Khaleesi cadê os dragrões?!

Bom, a resposta a pergunta anterior depende do universo ficcional de que estamos falando(nem a pau tento discutir as possibilidades disso na física quântica). Em universos como Donnie Darko, Efeito Borboleta e no próprio Terminator 5, o tempo é algo mutável, então alterar o passado pode alterar o futuro(o presente de onde se partiu a viagem). No entanto, o problema é que durante todos os outros filmes da saga Terminator, o tempo sempre se mostrou algo imutável. Sim pequeno hater, eu sei que a Skynet sempre mandava robozinhos para matar o John Connor ou a mãe dele ou o papagaio dele. Entretanto, nenhum desses robôs, contra todas as chances a seu favor, tiveram sucesso(o que prova que o tempo é imutável). Mais ainda, se algum deles tivesse matado John Connor e o mesmo nunca tivesse existido no futuro, por que razão o mesmo robô teria sido enviado para o passado? O robô nunca teria existido assim como a pessoa que ele matou! Pior, se a mãe de Johnn Connor não houvesse sido caçada por um robô assassino(The Terminator-1984), o famoso herói da revolução das máquinas nunca teria nascido(não nos esqueçamos que o pai dele veio do futuro). Em resumo, a própria Skynet criou John Connor! E não me venham com a ideia de "linhas de tempo paralelas", pura balela!!! Isso é um furo imensurável no enredo e vocês sabem, mesmo que não admitam!

WTF!!! Dr. Who??? O que aconteceu com você?! E não posso deixar de dizer que sua nova Sonic Screwdriver está incrível!!! (se você entendeu isso, seu nível nerd está muito, muuuuuito alto)
Sim, eu sei, esse papo de viagens no tempo é mortalmente confuso. Entretanto, enredos cujo plot envolve viagens extra temporais são normalmente muito confusos,  fora que os roteiristas de filmes normalmente são também bastante preguiçosos ou inaptos para esclarecer melhor suas histórias. E falando em preguiça e inépcia, não posso deixar de dizer que foram esses os dois principais elementos que construíram o roteiro do Terminator 5. Houve a preguiça de se criar boas cenas, bons diálogos ou sequer uma história decente, e houve uma imperdoável inaptidão para repetir os velhos jargões e clichês que nos fazem amar tanto filmes de ação. Imagino agora que depois dessa pilha de defeitos e malfeitos meu leitor, meu incauto e desinteressado leitor, esteja se perguntando o que diabos gostei nesse filme. Bom, sabe aquele ditado: "tão ruim que é bom?". As cenas  de ação são passáveis, embora tenha muito menos sangue e suor que nos longas anteriores, os diálogos são fracos, mas algumas piadas até que funcionam e, mais importante de tudo... Temos FUCKING robôs assassinos do futuro!!! Por pior que seja, qualquer filme com robôs assassinos do futuro carregando escopetas e armas laser merece ao menos um voto de confiança(sqn).


Awesome!!!

Sim, esse é um péssimo motivo para indicar um filme para qualquer um, mas convenhamos, a maior parte de nós, senão todos nós, já assistimos a coisas piores pagando. Portanto, recomendo esse filme para todos aqueles que desejam não uma obra prima, mas apenas um filme bobo, exagerado e engraçadinho. No fundo, apenas um bom pretexto para ir ao cinema e comer pipoca.





segunda-feira, 23 de março de 2015

DICA CINEMATOGRÁFICA: Better Call Saul - Eu adoro esse cara, mas jamais(JAMAIS) quero ser ele(please god).


Jesse Pinkman explicando a necessidade de assistência jurídica "especializada" para Walt.


Confesso que pensei em vários jeitos de começar este comentário sobre a recente série do canal AMC, Better Call Saul. Pensei em citar o fato de que ela não é apenas um spin-off de uma das melhores séries que algum dia já vi(Breaking Bad), mas também que ela é sobre o melhor personagem de toda série (e não estou exagerando quando digo isso). Também pensei em iniciar esse texto recontando algum caso ou citação interessante do personagem. Mas não, pensando bem, a melhor forma de abrir esse pequeno momento de insanidade é contar como vim a saber da estreia da série. Não, não foi através de um comercial ou até mesmo de alguma aleatória fonte de notícias nerd ou geek. Foi através de um amigo meu, particularmente avesso à assistir séries ou coisas do gênero. Um colega de profissão(ou mais ou menos isso, já que ainda não passei na OAB), para ser mais exato. Quando me indicou a série, o mesmo o fez bastante aterrado, dizendo que o protagonista da série encarnava a pior perspectiva profissional para qualquer advogado ou jurista recém formado. Confesso que achei exagero(eu adorava esse personagem em Breaking Bad), sendo que assisti sem demora ao episódio piloto da série. Demorou horas para eu me recuperar do impacto(assistir ao Anticristo do Lars foi menos traumático). Sim, Saul Goodman é ainda um dos meus personagens de seriado preferidos. Mas god, ALL GODs, please, jamais me deixem me transformar em algo parecido com ele!!!
Embora eu realmente não queira ser como ele, adoraria alguns cartões como esses.
E agora fica evidente a razão pela qual a OAB proíbe que os  seus advogados de fazer propaganda de seus serviços abertamente...


Antes de se tornar o respeitável, ou nem tão respeitável, advogado mostrado em Breaking Bad, Saul Goodman(ou melhor, James McGill, seu nome de nascença), poderia apenas ser descrito como um "merda". E não se enganem, ele não era um "merda" como eu ou você(mas se você for tão merda quanto ele, sinta-se envolvido pelo meu abraço imaginário de compaixão nesse exato momento), ele era o rei dos perdedores. Não só ele poderia ser descrito apenas como um sofrível advogado de porta de cadeia, mas também como alguém existencialmente "fudido". Seu carro era algo digno de pena, ele tinha como escritório uma saleta sombria e minúscula dentro de um salão de cabeleireiro (do qual o aluguel estava atrasado inclusive), ele havia sido chutado de seu antigo emprego em um bom escritório e a miséria parecia bater sorridente à sua porta. Como já disse, ele estava "existencialmente fudido", e era a representação viva daquele sórdido pesadelo que ocasionalmente acorda todo o advogado no meio de uma noite fria e não lhe permite voltar ao sono. 
Compassivos abraços imaginários para todos os "losers" do mundo.
Please God!!! No. No, noooooooo!
Mas saindo de minhas fobias profissionais e voltando à série, ela se propõe a explicar como a persona Saul Goodman, com seus espalhafatosos trejeitos e práticas absolutamente questionáveis, surgiu de James McGuill, um perdedor por essência. Ou melhor dizendo, como um advogado criminal se tornou um advogado criminoso, parafraseando Jesse Pinkman. Não posso deixar de dizer, que os produtores da série são os mesmos de Breaking Bad, sendo que só isso já é suficiente para atestar a qualidade da série que tanto em enredo, atuações e produção está longe de deixar a desejar da série a qual se originou. Embora, entretanto, assuma desde o início um tom menos sério que ela, algo mais condizente com o seu protagonista, que paira eternamente entre o ridículo e o sublime(embora quase sempre mais para o primeiro). 



Não posso me esquecer de dizer também, que a série é uma ótima forma de revisitar alguns excelentes personagens que foram criados em Breaking Bad. Embora nada relativo a Los Pollos Hermanos ou ao império criminoso de Gustavo Fring já tenha sido citado, alguns personagens da série original já foram introduzidos no novo roteiro, como Nacho Varga, Tuco Salamanca e o meu preferido, Mike Ehrmantraut. O ultimo, inclusive, parece que foi introduzido de forma indelével (e absolutamente memorável) na trama, algo que realmente me deixa satisfeito. Creio que os antigos fãs de Breaking Bad se lembrarão dele ainda como, simplesmente, o personagem mais bad ass de toda a série, perdendo nesse quesito talvez(talvez) apenas para Gustavo Fring, que imagino que também será brevemente introduzido no spin-off.

No mais, recomendo Better Call Saul a todos que queiram ver uma boa e descompromissada série de tv. Sendo que faço uma especial recomendação a colegas e amigos que cursem direito. Sim, tenho uma especial apreciação por espalhar o horror pelo coração dos mais incautos e traumatizar para sempre amiguinhos de faculdade. Mas falando sério, creio que é o público jurídico, acostumado com a lógica ilógica de nossas práticas profissionais, que mais gostará da série que, no fim, apenas fala de um hipotético colega de sina que olhou perto e por tempo demais para o abismo.