terça-feira, 1 de julho de 2014

DICA CINEMATOGRÁFICA: Repo! The Genetic Opera - E ainda é melhor que os planos de saúde que conheço!

"Graverobber -Goth Opera.
Graverobber -Blood Saga.
Graverobber -Somentimes I wonder how we ever got here!
Graverobber -Old grudges.
Graverobber -Scorned lovers.
Graverobber -Somentimes I wonder why don't  all move on!"
 Repo! The Genetic Opera

Sempre considerei que existissem três categorias de filmes, os bons, os ruins, e aqueles que não podem ser determinados facilmente, pairando, por toda a eternidade, em um curioso limbo, localizado entre o sublime e o ridículo. Obviamente, que o filme que pretendo falar pertence à essa terceira categoria, que, para minha eterna vergonha, confesso apreciar bastante. Repo! The genetic Opera, produzido em 2008 e dirigido por Darren Lynn Bousman(sim, é o mesmo diretor de jogos mortais), não poderia ser descrito de forma melhor, do que como uma mix de vários elementos ruins(fora o diretor, temos ainda no elenco, Paris Hilton, Alexa Vega, lembrando que, como o filme é musical, todos mundo canta, mesmo não afinando), uma verdadeiro prenúncio de desastre, uma bomba( the fucking doomysday machine!),  que, inexplicavelmente, desaguou em um filme que, senão pudesse ser considerado bom(existem sempre os malditos puritas!), ao menos poderia ser dito como bastante razoável, particularmente, tendo-se em conta os já referidos fatores de risco.
Too Far!

Far.

Close.

Inside! - Admita, um supervilão com guarda-costas assim, merece bastante respeito...

Passando ao enrendo, esse tem como pano de fundo um futuro indeterminado e decadente, onde em decorrência de uma misteriosa epidemia, os transplantes de órgãos se tornam não só constantemente necessários, mas comuns a ponto de serem usados para fins puramente estéticos. Fornecedores de órgãos, portanto, se tornam absolutamente essenciais, sendo que, a maior indústria de fornecimento de órgãos artificiais, a GeneCo, se torna a senhora e governante desse doentio novo mundo. No entanto, financiar um novo rim, um baço ou até um coração, é tão difícil quanto financiar um carro ou qualquer outro bem. Muitas vezes o comprador se torna inadimplente, não conseguindo pagar à necessária ou fútil nova parte de seu corpo. Se tornando preciso, então, reaver o bem comprado, o órgão, que, no caso, está dentro do comprador, pulsando, fibrilando, respirando. Para essas situações, ao invés de demorados processos judiciais de cobrança que temos na vida real, se contrata, nesse doentio, mas prático, futuro, um repo man, um assassino legal, que simplesmente arrancará(sem anestesia) o dito órgão. Isso mesmo! E fará isso cantando, já que o filme é um musical! It is a thakless job, but somebody's got to do it...


Run Run... Fast as you can! But you can't escape from the repoman...

É claro que, como já disse, esse é apenas o pano de fundo. Como toda a boa ópera, mesmo uma rock ópera, o contexto, por mais interessante que seja, é sempre secundário em relação à trama. Essa se centra sobre o atormentado Natthan, sua ingênua filha Shillo e o poderoso senhor da GeneCo, Rotti Largo(o sujeito entre as sexy bodyguards). Na história, o primeiro, Natthan, trabalha como repo man para o cruel Rotti largo, em razão de misteriosos laços traçados um passado em comum, cujo centro é a mãe de Shillo. Palavras são ditas, canções escritas, e, finalmente, o sangue é derramado.


Confesso que uma das coisas que mais me agradou no filme não foi sua trama, que, como eu já disse anteriormente, dado o caráter de opereta, não é muito profunda ou complexa. O que realmente me atraiu para esse curioso mix, foi a sua direção artística, que, apelando as vezes para o gore, o gótico e ao puramente bizarro, conseguiu criar uma obra absolutamente única. Um agregado de elementos tão diversos, tão dissonantes, que em algum sentindo, mesmo que perverso, possui alguma beleza, alguma originalidade. Outro aspecto positivo, ao menos na minha opinião, é a tentativa que se fez no filme, de tentar misturar o cinema com os quadrinhos, que são muito presentes no desenrolar de todo o longa. Assim como sin city, esses se prestam a reconstituir lembranças e dar vida à cenas que, mesmo com a magia do cinema não seriam tão bem desenvolvidas como através de um lápis e algum bocado de imaginação. Por ultimo, a título de curiosidade, é interessante notar que algumas músicas e trilhas do filme foram até cotadas para o óscar! Embora, na época, o maior cotado fosse High School Musical 3(jamais entenderei a Academia).

Recomendo esse filme para todos aqueles que tenham algum estômago e que, como eu, possuam também um humor mais negro que noite. Aos interessados, o trailer vai em anexo.